Aventuras
de um Caçador
Texto Original de Daniel Munduruku. Adaptação dos alunos do 5º ano e Professor Gildo)
Personagens:
Pajé
Curupira
Caçador
Homem 1
Homem 2
Homem 3
Kaká
Kauã
Orupadã
Iauaretê
Jurandi
Kainã
Manuel
Portugueses
Índios
PRELÚDIO
(Rap do
Gabriel e do Natanael)
Não foi Cabral
que descobriu
O Brasil , o
Brasil não descobriu.
Isso tu podes
crer, podes crer.
Não foi Cabral
(4x)
Ele pegou as terras,pegou
as terras
A terra dos
índios, dos índios do Brasil.
Por que tu
achas que ele fez isso?
Não foi Cabral
(4x)
Cabral pegou a
Terra, pegou as terras
Mas é a gente
que mora nela,
Nessa terra:
Brasil, Brasil
(Índios vão
chegando e sentando em torno do pajé)
PAJÉ (
sentando no banco de tora e as crianças em volta ):Hoje vou contar para
vocês , do dia em que o caçador enganou o Curupira. O caçador estava andando,
andando pela floresta...
ATO I
CAÇADOR: (Perambulando
pela floresta. Quando percebe já é noite) Tomara que o Curupira não me
encontre. Tomara que ele não me encontre. O que vai ser dos meus filhos se esse
malvado me encontrar aqui. Vou me esconder aqui. Aqui ele não me encontra...
(Ouve-se o
tum tum tum nas árvores. Farfalhar de folhas. Um vulto aparece e senta-se sobre
a raiz da árvore onde o caçador está escondido)
CURUPIRA:
Como você está, meu neto?
CAÇADOR: Eu
estou bem, meu avô?
CURUPIRA (Fungando
e rosnando) :Como é isso, meu neto? No mato até essa hora?
CAÇADOR: Estou
perdido, meu avô...
CURUPIRA: Você
não andou caçando meus animais na floresta, andou?
CAÇADOR: Eu?!
Eu nunca faria uma coisa dessas Eu estou apenas perdido. Fui atravessar o mato
e escureceu muito rápido e , aí, eu me perdi.
CURUPIRA: Ah!
Isso é bom meu neto, muito bom. Respeitar os animais é muito bom... Faz quanto
tempo que saiu de casa?
CAÇADOR: No dia
que passou...
CURUPIRA:
Acho que realmente você deve estar perdido, pois se fosse um bom caçador não
estaria perdido... (Fungando, ) Que cheiro gostoso de carne de macaco!... Estou
com muita fome meu neto! Conseguiu alguma caça? Nadinha mesmo!? Seu avô está
com fome!...
CAÇADOR: Não
vim caçar, meu avô!...
CURUPIRA: Então
vou ter que comer a sua mão!..
CAÇADOR(
Cortando a mão do macaco e jogando-a para o Curupira): Aiii! Por meu avô
faço esse sacrifício..
CURUPIRA:
Gostoso! Agora vou ter que comer sua outra mão, meu neto! Que fome!!!
CAÇADOR
(Cortando a outra mão do macaco e jogando-a para o Curupira):
Aiiiiiiiiiiiii!!! Pega, meu avô!!
CURUPIRA: Humm!
Agora eu quero as pernas!...
CAÇADOR ( Cortando uma perna do macaco e jogando- a para
o Curupira): Ahhh!!!
CURUPIRA (com
sofreguidão): A outra também! Eu quero a outra também!!
CAÇADOR (
Cortando a outra perna do macaco e jogando-a para o Curupira): Eu vou
morrer, meu avô!! Eu vou morrer!
CURUPIRA: Está
tudo muito delicioso, meu neto!! Gostinho de macaco!! Mas ainda lhe resta o
coração... Pode me dar o coração?!
CAÇADOR (Extraindo
o coração do macaco e entregando-o ao Curupira): Ahhhhhhh!!
CURUPIRA: Agora
estou farto... Como você é bom . meu neto! Como você é bom!! Pode me pedir o
que quiser que lhe darei!...
CAÇADOR:
Qualquer coisa?
CURUPIRA: Pode
pedir...
CAÇADOR: Posso?
CURUPIRA: Sim!!
Você é bom,meu neto!
CAÇADOR: Vô! Me
dá seu coração! Quero seu coração...
CURUPIRA (
Pegando a faca e enterrando-a no peito): Ahhhh!!! (Morre)
CAÇADOR (
Pegando o coração do Curupira): Há há há!! Te peguei! (O caçador espera
amanhecer)
ATO II
(O caçador
chegando em casa)
FILHO 1: Que
demora, meu pai! Estamos mortos de fome!...
CAÇADOR: É?!
Mas não peguei nada! As caças estão fugindo de mim!..
FILHO 2: E por
que as caçadas não tem sido boas?
CAÇADOR: Não
sei, meu filho! Acho que é por causa das pontas das flechas. Não consigo
acertar nada!
FILHO 3:
Disseram pra nós, meu pai, que osso de Curupira dá uma ponta de flecha muito
boa, certeira!
ATO III
(O caçador,
voltando para a floresta)
CAÇADOR (
Pegando os ossos do Curupira): Quantas flechas, quantas flechas vou pode
fazer...
CURUPIRA (Levantando-se):
Oh, que sono comprido que eu tive. Puxa, meu neto, você ficou aqui esse tempo
todo, vigiando meu sono? É bom ter um
neto assim. Agora, vá buscar um pouco de água pra mim que estou morrendo de
sede...
CAÇADOR (
Vai e volta com a água): Tome, meu avô! Beba toda a água!
CURUPIRA: Peça
o que quiser, meu neto! Peça o que quiser...
CAÇADOR: Vim
aqui procurar flechas bem fortes. Preciso dar comida aos meus filhos, mas as
minhas flechas estão muito fracas...
CURUPIRA: Vou
lhe dar uma flecha que não erra o alvo nunca, nem quebra! Mas é uma flecha
única. Não existe outra igual! (Os dois caminham pela floresta) Eis sua
flecha, meu neto. Não revele a ninguém de onde foi tirada, nem quem a fez. Esta
flecha é sagrada e não deve ser levada para dentro de casa. Deve ficar no oco
dessa árvore. Ela serve só para você. Se outra pessoa usar a flecha ela se
transforma numa surucucu e mata a pessoa. Estarei sempre aqui. Quando precisar
venha até mim.
(Caçador
passa seguidas vezes com caça abundante)
HOMEM
1: Isso só pode ser coisa de feitiçaria! Como pode caçar tantos animais?
HOMEM 2 :
Verdade! Até outro dia não passava de um palerma!
HOMEM 3 : Vai
ver que ele tem um trato com o Anhangá!
CAÇADOR
(Aconselhando-se com o Curupira): Os homens da tribo estão me seguindo... Se
descobrirem o meu segredo não sei o que faço!...
CURUPIRA: Não
se preocupe, meu neto. Homens adultos não podem entrar nos mistérios da
feitiçaria. Basta você dar uma volta e eles ficarão perdidos...
HOMEM 1: Não é
possível! Não conseguimos pegá-lo!
HOMEM 2: Parece
que toma chá de sumiço...
HOMEM 3: Que
tal mandarmos dois curumins para segui-lo...
HOMEM 1: Ele
não vai se importar com duas crianças...
HOMEM 2: Kauã e
Kaká! Venham cá!
HOMEM 3:
Precisamos que sigam aquele homem... e descubram onde esconde seus segredos...
(Os dois
garotos seguem o caçador e encontram a flecha)
KAUÃ: Não vamos
contar nada a ninguém...
KAKÁ(Pegando
a flecha): Agora nós seremos os melhores caçadores!! (A flecha vira uma
surucucu e Kaká cai morto)
KAUÃ (Chega
correndo na aldeia):Surucucu picou meu amigo, surucucu picou
meu amigo!!...
HOMEM2: Como
pode? Aqui perto, uma surucucu?
KAUÃ: A flecha
virou cobra! A Flecha virou cobra!
ATO IV
PAJÉ: Mas
ninguém acreditou na história do menino... Só o caçador sabia o que tinha
acontecido... Todos ficaram tristes... Por isso se alguém encontrar uma flecha
escondida...
(Orupadã
chega correndo na tribo.)
ORUPADÃ:Intrusos!!
Intrusos!!
IAUARETÊ:Onde?
Orupadã: Na
praia.
KAINÃ:Como eles
são?
ORUPADÃ: Ah!
São homens brancos, o corpo coberto por panos e trazem canoas gigantes...
PAJÉ: Vamos nos
preparar para defendermos a aldeia!
(Kainã sai escondido. Jurandi vai atrás) (Tribo dança )
(Na praia)
MANUEL:Vamos!
Andem! Vamos atacar!
(Kaynã caminha
pela floresta e de repente: CABUUM! )
JURANDI (voltando
a tribo): Mataram Kainã. Mataram Kainã!..(Os dois e mais os homens, com
arco e flecha, saem para proteger a sua tribo).
Manuel e seus
homens, com espadas e armas de fogo, entraram pela floresta.
ORUPADÃ:
Fiuuuu! (Os índios atacaram de surpresa.)
MANUEL:
ATACAR!!!
ORUPADÃ:
Vamos!!!
(Trava-se um
combate. Quase todos os índios caem mortos)
(Música
“Todo dia era dia de índio!”)
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